11 de outubro de 2012

Quando os números mentem


Recomendo fortemente que os professores percam um tempinho do seu feriado prolongado para ler na íntegra o artigo "Quando os números mentem: porque não devemos ser otimistas com os supostos 'avanços' da rede estadual do RJ", por Rafael Hughenin, artigo bastante minucioso mas em linguagem completamente acessível mesmo aos leigos em estatística. O autor faz uma análise minuciosa de como os números do IDEB têm sido utilizados para dar uma falsa impressão de "progresso" na rede estadual de ensino, e o que ele diz sobre o Rio de Janeiro é como uma carteira de habilitação: é válido em todo o território nacional.
Hughenin denuncia algumas falácias utilizadas no cálculo do famigerado "Idébil", do chamado "choque de gestão", que na prática obriga os docentes a "não pesarem a mão" nas avaliações, a fim de aumentar artificialmente o fluxo escolar (a não menos famigerada "Aprovação Automática"), além de outros artifícios utilizados para inflar artificialmente o "Indicador de Desempenho". Ensina também a chamada "Lei de Campbell", formulada pelo cientista social Donald Campbell, segundo a qual "quanto mais um indicador social quantitativo é utilizado para fins de tomada de decisões, mais suscetível ele estará  à pressão da corrupção e mais apto ele estará a distorcer e corromper processos sociais que se pretende monitorar", constatação que sempre me pareceu um tanto quanto óbvia. As considerações de Hughenin, de qualquer modo, merecem uma leitura atenta, que, tenho certeza, terá uma grande utilidade prática sempre que os gestores vierem apresentar dados forjados sobre todo tipo de avaliação externa. Um pouco de senso crítico e canja de galinha não costumam fazer mal a ninguém.

Fonte: L(E)H - Laboratório de Estudos Hum(e)anos.

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